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Sítio Arqueológico do Cerro do Castelo de Alferce

O Sítio Arqueológico do Cerro do Castelo de Alferce corresponde a um povoado fortificado de altura composto por três recintos amuralhados. Localizado no topo de um cerro que se eleva até aos 488 metros de altitude e que se destaca no limite oriental da serra de Monchique, designadamente no afloramento sienítico da Picota, este arqueossítio constitui uma incontornável referência na paisagem envolvente. Esta implantação dotava-o de um relevante papel no controlo das principais vias de comunicação da região, pois do seu topo alcança-se uma ampla visibilidade sobre os territórios circundantes. Detentor de boas condições naturais de vigilância e defesa este cerro também se situa próximo a dois importantes cursos de água da região – as ribeiras de Monchique e de Odelouca –, que possibilitavam a ligação entre a zona serrana e o litoral. Com efeito, trata-se de um local emblemático devido às suas características naturais e situação geográfica, mas também pelos diferentes vestígios arqueológicos que encerra.

No topo do Cerro do Castelo de Alferce encontram-se as ruínas de uma fortificação islâmica (hisn) que terá sido erigida no século IX d.C., durante a época emiral-omíada, correspondendo a um dos castelos muçulmanos mais antigos que subsiste em território nacional. A fortificação é composta por dois recintos amuralhados construídos com pedra local que apresentam uma espessura que oscila entre 2,20 e 2,40 metros. O primeiro recinto (alcácer) ostenta uma planta pentagonal irregular e ocupa uma área com cerca de 1400m², contendo uma cisterna no seu interior e, pelo menos, seis torres defensivas adossadas exteriormente às muralhas. Na sequência de uma escavação arqueológica realizada junto à muralha oeste do alcácer verificou-se que esse recinto fortificado foi construído sobre estruturas mais antigas, concretamente atribuídas à Antiguidade Tardia (séculos V-VIII d.C.). Por sua vez, o segundo recinto amuralhado ocupa uma área aproximada de 1000m² e situa-se imediatamente a norte do primeiro recinto, possivelmente definindo uma área habitacional intramuros articulada com o alcácer. Intervenções arqueológicas recentes revelaram que o segundo recinto também apresenta uma planta pentagonal irregular, curiosamente em sentido oposto ao verificado no primeiro recinto.

Além das ruínas da fortificação islâmica que coroa o cerro existe, ainda, um terceiro recinto amuralhado que abrange os dois mencionados recintos fortificados. Com uma espessura de aproximadamente 2,90 metros o terceiro recinto rodeia todo o cerro e está adaptado à topografia do terreno, delimitando uma área intramuros alongada e orientada no sentido norte-sul que, no total, tem entre 9 a 9,5 hectares. Realça-se que a zona oeste deste recinto encontra-se melhor preservada, verificando-se em algumas áreas que a muralha possui uma altura conservada de sensivelmente um metro acima do solo. A provável entrada para este enorme recinto fortificado localiza-se na parte sudoeste e aparenta estar protegida por torres defensivas. A cronologia de construção deste terceiro recinto não está ainda esclarecida, porém o facto de na zona noroeste existir um segmento de muralha com um aparelho com tendência para o opus spicatum (também conhecido por “espinha de peixe”), semelhante ao verificado no interior do alcácer, sugere que terá sido construído durante a Alta Idade Média, provavelmente no mesmo século em que se terá edificado a fortificação da época emiral-omíada.

Na parte ocidental do topo do arqueossítio existe uma plataforma onde se detetaram evidências de uma ocupação humana mais antiga, atribuída à Pré-história Recente. Os resultados das investigações arqueológicas desenvolvidas indicam que essa ocupação pré-histórica se estendia a praticamente todo o topo do Cerro do Castelo de Alferce, porém foi na referida plataforma que se detetaram os vestígios arqueológicos mais interessantes dessa antiga ocupação e que se enquadram nos períodos designados por Calcolítico e Idade do Bronze, grosso modo entre a segunda metade do III milénio e a primeira metade do II milénio a.C. – portanto há cerca de 4000 anos. Os dados científicos disponíveis confirmam que este local foi ocupado e reocupado em diferentes épocas e em distintos momentos civilizacionais.

O Sítio Arqueológico do Cerro do Castelo de Alferce está classificado como sítio de interesse público desde junho de 2013 (Portaria n.º 429-A/2013, de 28 de junho). Toda a área classificada possui sensibilidade arqueológica máxima, tendo sido definida uma zona especial de proteção que inclui toda a elevação.